Tudo mudou, nada mudou

Publicado em 05/06/2015 - Por

Na última madrugada me deparei, por acaso, com um post que publiquei no Psicodelia em abril de 2008. Sim, sete anos atrás.

O Psicodelia não tinha nem 6 meses de vida. E por uma dessas coincidências do destino, naquela noite eu havia chegado em casa depois da faculdade, ligado a TV e vi o Jô Soares entrevistando um senhorzinho, que estava relançando um livro e contava que havia frequentado uma rave à pouco tempo. Obviamente a palavra “rave” despertou meu alarme interno e parei tudo o que estava fazendo para assistir a entrevista.

Logo descobri que o “senhorzinho” em questão era Zuenir Ventura, um dos mais respeitados jornalistas e escritores do século XX, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de um livro que deveria ser leitura obrigatória a todos que se interessam por festivais e cultura alternativa: 1968: o Ano Que não Terminou. Se quiser ler uma pequena resenha do livro, tem aqui.

O fato é que Zuenir sempre se interessou por movimentos culturais que fogem ao padrão ditado pela mídia e, ao relançar seu livro, procurou por algo que remetesse, ainda que vagamente, àquele clima de 68. E identificou nas raves o cenário mais próximo.

Como todo pesquisador faz deveria fazer, antes de emitir qualquer opinião sobre o assunto, Zuenir resolveu ir à uma rave antes de prosseguir com a reedição do seu livro. E a rave em questão era uma Chemical, no Rio de Janeiro.

Era uma época muito diferente da que vivemos hoje. A bolha das raves estava no seu auge, Rica Amaral e Feio ainda eram donos da XXXPerience, festas grandes faziam turnê pelo Brasil, o line up era quase todo composto de Full On, Skazi, Eskimo e Infected Mushroom dominavam a cena e a garrafinha de água custava no máximo R$ 3,00.

Mas boa parte do que conhecemos hoje também já estava ali: eventos de grande porte já reuniam 20 a 30 mil pessoas. Já havia patrocínio de marcas famosas. E claro, já havia gente dizendo que “bom mesmo eram as festas de 5 anos atrás”, que as festas “tinham se tornado muito comerciais” e que morreriam em pouco tempo.

Porém, todos esses detalhes acabam virando apenas “detalhes” perto da forma como Zuenir descreve sua experiência. Dá pra perceber que ele captou a essência da coisa. E essa essência, bem ou mal, ainda não se perdeu. Confira:

 

[products limit="8" orderby="rand" order="rand"]